terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Empresa vai começar a fabricar carne artificial


Aliona Rakitina
26.02.2013


EPA
“Nossos cientistas aprenderam a fabricar carne artificial”. Recentemente, engenheiros americanos da companhia Modern Meadow fizeram essa declaração sensacional à comunidade científica. Eles apresentaram uma tecnologia ímpar de fabrico de carne artificial.


Na base de todo o processo está a produção de fibras de carne com células do tecido muscular dos animais, obtidas por meio de biópsia. Posteriormente as fibras são prensadas em diferentes formas, e em seguida "cultivadas" em um bioreator. Os elaboradores chamam, em tom de brincadeira, de impressora, o aparelho, que dá a forma inicial crua do bife, e a matéria-prima de bio-tintas, que podem desenhar um futuro feliz do mundo, sem violência contra os animais. Desse modo a companhia Modern Meadow planeja organizar a produção também de peças de couro.

A ideia é magnífica por si só. Pode-se imaginar quantas vidas de animais serão preservadas pelos análogos “artificiais” de carne e couro. Além disso o próprio processo de obtenção de carne em laboratórios é muito mais ecológico do que sua obtenção em granjas pecuárias. É perfeitamente possível que no futuro esse método seja muito mais econômico do que o ciclo total de produção de carne natural, começando com a criação do animal, sua manutenção e alimentação, depois abate, transportes etc.

Segundo dados da FAO, a organização de alimentação e agricultura da ONU, só em 2012 foram abatidos 320 milhões de vacas, 1,4 bilhões de porcos e 55 bilhões de frangos. A companhia Modern Meadow coloca o objetivo de diminuir, ao menos um pouco, estes números. Além disso, em caso de produção de carne e couro artificiais, desapareceria o aspeto ético relacionado com o abate de animais e, consequentemente o número de consumidores em potencial aumentaria consideravelmente, incluindo mesmo os vegetarianos.

Peter Thiel, um dos primeiros investidores do Facebook e fundador do Paypal, segundo alguns dados, investiu neste projeto cerca de 350 mil dólares. Ele é considerado por ser um homem que não joga dinheiro fora e escolhe com muito cuidado os projetos que financia. Por isso, se pode supor que Modern Meadow terá bastante. O espírito combativo da empresa é apoiado também pela organização de defesa dos direitos dos animais PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) que propôs um prêmio de um milhão de dólares à primeira empresa que começar a produção em massa de carne de galinha sintética.

Entretanto, não se sabe absolutamente de que modo o consumo de carne artificial se refletirá sobre a saúde das pessoas e se muitos vegetarianos concordarão com tal compromisso. Marina Tsapovich, nutricionista, expressou sua opinião à Voz da Rússia:

“Eu considero que só o tempo e pesquisas minuciosas desse produto poderão dar-lhe carta branca. Ninguém sabe qual será o efeito dessa “carne” sobre nossa saúde dentro de 10-15 anos e também sobre as futuras gerações. Todos nós lembramos muito bem a euforia da humanidade quando foram criados os primeiros produtos geneticamente modificados. Agora fazemos tudo para que essas “obras-primas” do progresso científico não caiam em nossas mesas. A prática mostra que somente produtos naturais são bons para a saúde e nos ajudam a permanecer jovens e fortes. Eu acompanhei com interesse essa elaboração, mas é pouco provável que algum dia recomende a meus pacientes consumir semelhante carne”.

Também o vegetariano praticante Piotr Shekalev, líder do projeto “Alimento para reflexões” é cético em relação à criação de carne artificial.

“Eu pessoalmente considero que isto não tem sentido, porque os que querem renunciar à carne, renunciam à ela sem substitutos e os que estão acostumados à carne encararão a ideia da carne artificial como uma ofensa. Possivelmente, este produto ajudará a alcançar um compromisso nas famílias onde os cônjuges têm pontos de vista diferentes em relação à alimentação, mas não se pode construir um sistema social sobre o compromisso.”.

O tempo mostrará se a carne artificial será uma revolução no sistema da alimentação ou a ideia morrerá na raiz, não tendo repercussão entre os consumidores. Ficamos a aguardar o desenvolvimento dos acontecimentos.
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